A Beleza do Som

Ivanildo Jesus

Por uma outra forma de ouvir e tocar o mundo. read less
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Episódios

Samuel Mello
21-08-2022
Samuel Mello
Para mais conteúdo:https://linktr.ee/abelezadosomAjude-nos (pix):https://apoia.se/abelezadosomabelezadosom@outlook.comEdição e entrevista:Ivanildo JesusDesign:Kas Hoshi e Victor R. Ribeiro  Poema   Eu gostaria Ievguêni IevtuchenkoTradução de André RosaPiano trio in a minor, Tchaikovsky  Evgeny Kissin (Piano) Joshua Bell (Violin) Mischa Maisky (Cello)  Músicos e putas compartilham do mesmo estigma social. - Samuel Mello               Um jovem na plateia após assistir um concerto do genial pianista Arthur Moreira Lima disse que daria a vida para tocar como ele, ao que Arthur respondeu: “eu dei”. Os intérpretes sonoros dão vida ao som através de sua energia. Suas escolhas pessoais acontecem após as escolhas musicais. Onde morar, o que vestir e muito vezes o que comer, são caminhos que devem levar ao maior êxito da performance. Philippe Destouches, dramaturgo francês, cunhou a máxima “os ausentes nunca têm razão.” Músicos, ou, mais precisamente, em geral aqueles que se reduzem à instrumentistas, encerram-se atrás de seus instrumentos e de lá não saem sequer para dizer um “olá” à plateia. Tanto faz, quaisquer sejam os paradigmas imposto aos intérpretes sonoros, poucas vezes eles se organizam em classe, para quiçá discutir a tragédia de suas condições. Focando apenas no sucesso de sua execução (apelando aqui à polissemia da palavra). Contudo, isso está mudando. Iniciativas como a desse que vos fala e as de outrem logram trazer ao público os bastidores do universo musical. Porque, afinal de contas, há, atrás do instrumento, algumas vezes, um ser que pensa. Um ser cuja trajetória merece também visibilidade e notoriedade, além da sua sonoridade. Histórias como a do músico que faltou ao trabalho do exército para ir ao concerto da orquestra e acabou sendo preso, ou o que largou uma carreira na fisioterapia para se aventurar na composição e regência, hoje podem ser encontradas na internet. Juntamente com as desventuras musicais daqueles que se embrenham no exterior. E isso tudo, porque alguém resolveu viabilizar os meios para que essas histórias fossem contadas. Do “Papo de gordo” ao “Decrépitos”, assim nasce o Melzinho... podcast, do seu criador o violinista Samuel Moreira de Mello, chefe de naipe da Orquestra Sinfônica de Guarulhos, egresso da EMESP (Escola Municipal de Música de São Paulo) e bacharel em violino pela Faculdade Cantareira. Samuel, entre as muitas atividades orquestrais e os êxitos e malogros dessa vida musical nutre o “Melzinho... podcast”. Por lá ele recita poesia russa e conversa com colegas músicos. Com um riso para lá de acolhedor cuja beleza do som eu espero que se faça ouvir muitas vezes hoje. Para falar do ambiente orquestral, da tragédia da nossa vida musical e de poesia russa. A Beleza do Som, tem o prazer de receber, Samuel Mello.
Paulo Luckman - Violino Racional
24-07-2022
Paulo Luckman - Violino Racional
Para mais conteúdo:https://linktr.ee/abelezadosomAjude-nos (pix):https://apoia.se/abelezadosomabelezadosom@outlook.comEdição e entrevista:Ivanildo JesusDesign:Kas Hoshi e Victor R. Ribeiro   Paulo Lückman – Violino Racional“Os ricos não querem se profissionalizar, e os pobres não podem” – Luiz Soler Bom dia, boa tarde  e boa noite queridos e queridas ouvintes. Como uma câmera na mão e uma ideia na cabeça, os músicos encontraram na internet terreno fértil para docência. Basta que você pense em tocar um instrumento para que a tirania do algoritmo te inunde com propagandas. Os títulos, em sua maioria mercadológicos, transitam entre “toque violino fácil”, “método de aprendizagem automático do violino” e o mais célebre, “toque violino em 10 passos”.  A fragilidade dessas empreitadas toca somente a superfície do estudo técnico de um instrumento cuja técnica não para de se renovar.Se por um lado há a facilidade do acesso, por outro lado, repensar a qualidade desse acesso e dos primeiros – e importantíssimos – passos, carece de atenção. Para tanto, contamos com aqueles e aquelas que enfrentam a difícil tarefa de navegar nas redes sem se permitir o naufrágio. Com um conhecimento ímpar desses instrumentos, professores e professoras de todo o país compartilham seu conhecimento através das redes, muitos deles, de forma gratuita.Acrescentam às jornadas já hercúleas de trabalho horas de respostas as famosas “caixinhas de perguntas” no Instagram, por lá dialogam com melômanos e entusiastas, tirando toda sorte de dúvidas, ou, caso não saibam, indicando quem as possa tirar. A fim de trazer mais racionalidade ao debate que às vezes só se mostra mercadológico, nasce o canal “Violino Racional” em homenagem aos estudos racionais do violinista e professor Luiz Soler. Paulo Egídio Luckman foi aluno de Paulo Bosisio, Luiz Soler e Marco Damm. É bacharel em violino pela EMBAP (Escola de Música e Belas Artes do Paraná), mestre e doutor em música pela UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) e professor na UEM (Universidade Estadual de Maringá). Sua pesquisa abrange métodos de violino e em especial o material legado por seu professor catalão Luiz Soler.  Paulo é autor do canal Violino Racional, e atualmente tem se consolidado como um dos bons influencers do violinismo na internet, compartilhando conhecimento e boas práticas. O professor conversa hoje conosco falando da sua trajetória, de seus professores, das atividades nas redes, e sobretudo, d’A Beleza do Som.
Renata Rodrigues e Giullia Assmann - Frequência Dissonante
12-04-2022
Renata Rodrigues e Giullia Assmann - Frequência Dissonante
Para mais conteúdo:https://linktr.ee/abelezadosomAjude-nos (pix):https://apoia.se/abelezadosomabelezadosom@outlook.comEdição e entrevista:Ivanildo JesusDesign:Kas Hoshi e Victor R. Ribeiro Introdução Musical:https://www.youtube.com/watch?v=d0a9k2dpBUQ  Antes de entender que tinha um corpo de múltiplas possibilidades, eu entendi que esse corpo era assediado; antes de entender que eu queria uma carreira e ser boa no que me fazia feliz, me determinaram que eu nunca seria boa suficiente; antes de entender que eu tenho necessidades e carências, entendi que sentir "demais" era coisa de mulher, perdendo muito tempo com suas emoções, e por isso as fechei; antes de entender que queria ser livre, entendi que meu entorno faria de tudo para que eu não fosse; antes de entender que queria lutar para ser todo meu potencial, lutei para simplesmente poder existir. – Giulia Assmann               Segundo o compositor Arnold Schoenberg um dos aspectos importantes da história recente da música ocidental resume-se à emancipação da dissonância. O termo carregado de entendimentos e significados diversos no decorrer da história será usado hoje com seu remetente grego diaphonia, ou seja, sons separados, que não combinam. Já a consonância, com seu equivalente grego symphonia, sendo aquilo que soa junto, e portanto, combina.              Para iniciar a conversa pelo inexplorado da apreciação convido o ouvinte a passar pelo cantochão, ou canto gregoriano, e depois visitar a música de Schoenberg, a música de outrora, ocidental e europeia, feita para louvar ao sagrado cristão, encontrava-se às voltas com regras harmônicas imbricadas que resumiam os paradigmas da sociedade que a subsidiava. Veremos uma música vocal sem exuberância rítmica. O que não lhe tira o brilho, dado que os conceitos aqui trabalhados não são o de riqueza ou pobreza artística. Afinal cada fazer musical segue o recorte inequívoco de seu tempo, mas sim trabalharemos sob a égide da diversidade. Saindo da quase monotonia do século XIV para a efervescência musical do século XX, vemos uma música cujo intuito parece ser causar perplexidade. Uma música cuja finalidade não reside mais no louvor ao sagrado, ou a explicitar as paixões romanescas como no século XIX. A música dos modernos queria a libertação da dissonância contra a hegemonia da pseudo-agradabilidade da consonância.             E aqui, começamos e nos preparar para o clímax; ao ponto sensível da nossa apreciação. O que nos agrada como ouvintes? Além da simples definição dos nossos gostos dispersos em gêneros musicais; o que harmonicamente nos causa relaxamento, o que harmonicamente nos causa tensão? Do melômano ao leigo, nossa apreciação está sempre à mercê das intenções dos compositores. Não há som sem intenção, e não há intenção sem um conjunto de ideias, que, inconsciente ou conscientemente, norteiam a direção das conjecturas dos seus artesãos.              Deixando de lado a poética e a metáfora. O que expressa a hegemonia dos nossos sons? As vozes e sons que nos tomam de assalto, são vozes que contemplam a diversidade daquilo que somos, ou de um nicho específico? Enfim, quais são os ideais que constituem o conceito de beleza do nosso som?             O intérprete ou as intérpretes, aqueles e aquelas responsáveis por dar vida ao som, encontram-se muitas vezes cerceados de sua voz, por conta de uma hegemonia pouco dialogável. Se de um lado poeticamente a emancipação da dissonância se desenrolou no horizonte histórico, do outro a emancipação daqueles e daquelas cujas vozes foram sempre apagadas, segue em constante luta para a validação da sua existência.             As mulheres na música clássica é um tema urgente do contemporâneo. O patriarcalismo como traço cultural latente da nossa formação, encontra lugar na música, independente do gênero. No intuito de lutar contra a hegemonia da consonância patriarcal, trazendo dissonância ao debate através de uma frequência penetrante, nasce o coletivo frequência dissonante. Hoje converso com Giullia Asmmann, contrabaixista e mestranda pela UNESP e Renata Rodrigues, também contrabaixista e pós-graduanda da USP em gestão de projetos culturais, ambas são co-fundadoras do coletivo Frequência Dissonante.
Débora e Dani Gurgel
05-04-2022
Débora e Dani Gurgel
Para mais conteúdo:https://linktr.ee/abelezadosomAjude-nos (pix):https://apoia.se/abelezadosomabelezadosom@outlook.comEdição e entrevista:Ivanildo JesusDesign:Kas Hoshi e Victor R. Ribeiro Introdução Musical:https://www.youtube.com/watch?v=JAxKRtKyIEEJazz, querido ouvinte leitor, é um desses temas na música cuja discussão raramente encontra fim. E quando chegamos ao Brasil, onde a prolixidade do nosso caldeirão cultural é terra fértil à criação, o gênero ganha ramificações que vão da bossa ao samba, passando pelo ijexá e podendo chegar até ao rock’n roll. Um gênero cuja aprendizagem permite erroneamente entrever certa libertinagem do intérprete – o que na verdade é resultado de nada mais nada menos do que o logro de um trabalho incansável. Improvisar no piano, na bateria, no baixo ou na voz, que também é um instrumento, só é possível quando além da inspiração sobra transpiração.             A viagem pelo inexplorado da apreciação hoje nos conduz pela Garra de duas musicistas que cantam e nos encantam com suas composições que ora maravilham com o hermetismo da complexidade harmônica do jazz, e ora brincam com nossa brasilidade com jogos de palavras e sílabas frenéticas, em um virtuosismo vocal chamado Scat Singing.             Dani e Débora Gurgel, são mãe e filha, no palco acompanhadas pelo baixista Sidiel Vieira e pelo baterista Thiago Rabello formam o Dani e Debora Gurgel Quarteto, ou DDG4. O grupo conta com dez álbuns lançados, sendo o mais recente trabalho o disco Rodopio com dez canções autorais.             Para conhecer um pouco mais sobre as nossas entrevistadas um trecho da matéria “Dani e Debora Gurgel quarteto” no portal automiacriativa diz o seguinte: O scat preciso de Dani Gurgel combina um instrumento de sopro com um pandeiro, misturando o som percussivo e sincopado do Português com o suingue curvo do Inglês. A mão esquerda de Debora Gurgel leva indubitavelmente seu piano para o lado do suingue. Em sua panela, entra uma enorme gama de ritmos brasileiros, junto com sua vasta experiência como educadora de música e a maturidade de seu trabalho como arranjadora para orquestras sinfônicas e big bands.             O DDG4 já se apresentou em diversos países da América Latina, também Estados Unidos e Japão. Dani, além de cantora é também fotógrafa, Debora além de pianista é também compositora tendo escrito para grupos como a Jazz Sinfônica, e Orquestra de Câmara da USP. Hoje, podicrê que a conversa será dá pá virada, passeando pelas amplas definições do jazz até a diversidade dos ritmos brasileiros, na beleza do som da voz de Dani e Débora Gurgel.  P.S.: O trecho da matéria citada pertence a um release do DDG4 e não é de autoria do automiacriativa.
Helena Piccazio
07-03-2022
Helena Piccazio
Para mais conteúdo:https://linktr.ee/abelezadosomAjude-nos (pix):https://apoia.se/abelezadosomabelezadosom@outlook.comEdição e entrevista:Ivanildo JesusDesign:Kas Hoshi e Victor R. Ribeiro Introdução Musical https://www.youtube.com/watch?v=gKTZPNa8C4EÉ muito reconfortante ter alguém para conversar sobre esses dilemas musicais, sobre as pedras no caminho, sobre as crises existenciais de músico, sobre nossos sonhos e frustrações. [...] Será só eu, ou conversamos muito pouco sobre as sombras da profissão? - Helena Picazzio             Os problemas que envolvem a carreira do músico no séc. XXI vão além da formação musical. Ser músico, mais precisamente violinista, no século em que as atividades orquestrais estão em aparente declínio, constituí um paradoxo aqueles que almejam o sucesso da atividade artística como profissão. Como disse a violinista Elizabeth Chang em entrevista para Helena Piccazio no blog Papo de violinista “é muita gente para pouco emprego”.             Cabe observar que a velocidade das mudanças nesse século não traz só crises existenciais e frustrações. Há um universo de oportunidades que se apresenta no horizonte. Nunca na história as informações foram compartilhadas com tamanha velocidade. Se há uma solução nova para trechos do concerto de Tchaikovsky descoberta no oriente, logo ela estará a um clique de distância dos demais intérpretes no ocidente. Portanto, sobra aos estetas sonoros a reinvenção. Não só o ato de procurar seu lugar ao sol, todavia a construção do mesmo. Alguns – como esse que agora vos fala –, intercalam as atividades didáticas com pretensas atividades jornalísticas. Trazendo aos ouvintes, essa espécie em vias de extinção – conversas, insights e comentários sobre o fenômeno sonoro. Outros e outras, como a entrevistada de hoje, compartilham sua trajetória, anseios, êxitos e angústias na hercúlea tarefa da performance, divulgando as descobertas de sua curiosidade insaciável através de blogs e redes sociais.             O papo hoje, mais precisamente o papo entre violinistas, será com Helena Picazzio. Paulistana, formada em música pela FAAM é violinista da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e professora na EMESP (Escola de Música do Estado de São Paulo). Desde 2013 é autora do blog “Papo de violinista”, onde traduz materiais e traz entrevistas com nomes relevantes do meio musical clássico como John Thoner, Vadim Repin e Rachel Barton Pine.              Helena conversa hoje conosco falando do seu projeto Tchaikovsky, da sua trajetória, do seu blog e de algumas ideias do livro O Ponto de Mutação de Fritjof Capra: Como a ruína do mundo fundado nos princípios Cartesianos e Newtonianos afeta a carreira artística? Quais são as sombras da profissão do músico? Por que conversamos tão pouco sobre as crises existências dos intérpretes? Essas e outras observações perspicazes na beleza do som da voz de Helena Picazzio
Anna Maria Kieffer
28-02-2022
Anna Maria Kieffer
Para mais conteúdo:https://linktr.ee/abelezadosomAjude-nos (pix):https://apoia.se/abelezadosomabelezadosom@outlook.comEdição e entrevista:Ivanildo JesusDesign:Kas Hoshi e Victor R. Ribeiro Introdução Musical https://www.youtube.com/watch?v=QFg6ljzC1r4 Ao contrário da forma como é constantemente pensada e utilizada, a música não é apenas uma forma de entretenimento, mas sim parte construtora das culturas, veiculando e refletindo seus valores, sua visão de mundo e sua história. Daí seu valor incalculável como forma de conhecer o mundo e de estar nele. Conhecer as raízes de sua própria música é reencontrar-se diante de uma identidade nem sempre conhecida e mesmo suspeitada" – Anna Maria Kieffer             Querido ouvinte leitor, espécie estimada em vias de extinção, hoje esse programa nos convida para uma viagem no tempo através dos sons e da experiência da nossa convidada. A música como produto cultural de seu tempo carrega consigo uma identidade cronológica. Fazer e pesquisar sobre música seriamente, seja na seara popular ou clássica, é estar às voltas com os sons que nos são legados.             Em um exercício historiográfico para entender a identidade das nossas concepções sonoras é necessário estudar com meticulosidade os processos culturais e sociais que culminaram na formação dos nossos sons no passado. Há correntes na música clássica cujo preciosismo histórico pede por interpretações historicamente orientadas. Interpretações que logrem alcançar condições semelhantes à contemporaneidade da obra, e não do intérprete. E esse é mais um dos trabalhos da musicologia, o estudo da música e dos sons em sua mais ampla diversidade social, regional, étnica e cultural.             Para nós contemporâneos esse programa está sempre em busca de respostas para encontrar a beleza do som. E partindo em rumo ao inexplorado da apreciação resta saber, acompanhar e averiguar para aqueles que habitavam esse lugar antes de nós e são responsáveis pela nossa formação, onde estava a Beleza do som? Cantora, pesquisadora, criadora, produtora: o trabalho artístico de Anna Maria Kieffer inclui tudo isso, mas ainda não se esgota nesses termos. Assim a jornalista Camila Frésca nos fala um pouco dos méritos da convidada. Sua carreira é prolixa em feitos e segue em constante reinvenção. Hoje para reconhecer a beleza do som passando pelos contemporâneos aos músicos do séc. XIX E XVIII indo até às raízes da nossa música, contaremos com a beleza do som da voz de Anna Maria Kieffer.
Camila Frésca
20-02-2022
Camila Frésca
Para mais conteúdo:https://linktr.ee/abelezadosomAjude-nos (pix):https://apoia.se/abelezadosomabelezadosom@outlook.comEdição e entrevista:Ivanildo JesusDesign:Kas Hoshi e Victor R. Ribeiro Introdução Musical https://www.youtube.com/watch?v=4FPTNiit0Uk Em “Don Giovanni”, de Mozart, elas são troféu e conquista para o protagonista; “Rigoletto”, de Verdi, última ópera apresentada no mesmo Theatro Municipal, começa com um estupro, que será seguido por outros no desenrolar da trama. Já a famosa “Carmen”, de Bizet, uma das poucas heroínas que não se dobra aos desejos masculinos, acaba vítima de feminicídio.  – Camila Frésca no artigo Ópera sobre abuso sexual escrita por mulheres chega ao Theatro Municipal              Há cem anos o Brasil passava uma transformação cultural. Entre os dias 13 e 19 de fevereiro de 1922 inaugurava-se o modernismo no Theatro Municipal de São Paulo. Desde lá nossa cultura passou por diversas transformações. Observando o que nos toca - o maravilhoso universo dos sons – compositores como Heitor Villa Lobos e perifericamente Flausino Vale davam as suas respectivas contribuições para a história da arte.             Esses temas e outros que nos são caros fazem parte do cotidiano daqueles e daquelas que nesse ano lidam com o efêmero jornalístico e tem por profissão a difusão da cultura. Tendo passado um século da semana de 22, quais são as pautas mais urgentes no universo da arte e da música clássica brasileira?  A participação das mulheres; o desvario da política nacional; as propostas decoloniais em arte ou os anos pandêmicos; enfim, sobre o que falar? O que deve ser noticiado e comentando?             Essas e outras inquietações serão respondidas hoje pela nossa convidada. Ela é musicista, escritora e pesquisadora. Camila Frésca escreve na Folha de São Paulo e na revista Concerto. Esse ano está imbuída de nos entregar mais uma biografia do grande compositor Heitor Villa-Lobos.              Camila é doutora e mestre em Artes/Musicologia pela escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. No seu currículo lattes lemos:  É autora dos livros Festival de Inverno de Campos do Jordão 50 anos pela Editora da Osesp em 2019. Uma extraordinária revelação de arte?: Flausino Vale e o violino brasileiro e Música nas montanhas: 40 anos do Festival de Inverno de Campos do Jordão pela editora da Santa Marcelina Cultura. Em 2011 idealizou e dirigiu o CD “Flausino Vale e o violino brasileiro, com violinista e maestro Cláudio Cruz, o CD foi vencedor do Prêmio Bravo! 2011 na categoria música erudita. No mesmo ano revisou, ao lado de Cláudio Cruz, as partituras da primeira edição integral dos 26 prelúdios característicos e concertantes para violino do compositor Flausino Vale, publicada pela Editora Criadores do Brasil.             Camila Fresca conversa hoje conosco falando sobre modernismo, semana de 22, Heitor Villa de Lobos, Flausino Vale, suas participações nos diversos periódicos de cultura e a participação das mulheres na música de concerto, e por último, mas não menos importante, desses diversos fatores culturais e sonoros, de onde podemos entrever a Beleza do Som.
Daisy Fragoso
13-02-2022
Daisy Fragoso
Para mais conteúdo:https://linktr.ee/abelezadosomAjude-nos (pix):https://apoia.se/abelezadosomabelezadosom@outlook.comEdição e entrevista:Ivanildo JesusDesign:Kas Hoshi e Victor R. Ribeiro Introdução Musical https://www.youtube.com/watch?v=IxMwYpp4JV0 Ciranda da Lua - Herny Leck, Choral Series - Daisy Fragoso Daisy Fragoso             Querido ouvinte/leitor, espécie estimada em vias de extinção, sejam todos e todas bem-vindos e bem-vindas ao segundo ano da nossa busca incansável pela beleza do som. Neste ano, para quem acompanha a plataforma nas redes ao lado, verá que as nossas cores mudaram. Os tons escuros saem de cena e os tons claros sobem ao palco trazendo diversidade e mais beleza ao nosso design, e também ao nosso discurso. A mudança vai além da aparência, corrigindo equívocos, para que A Beleza do Som seja completa, iniciaremos o ano com convidadas mulheres. Sem perder a seriedade na busca, nossa plataforma de discussão compartilhada e comunitária sobre música e o maravilhoso universo dos sons segue criando e interagindo na busca de trazer beleza ao som, através da diversidade.             Falando em diversidade a conversa de hoje contará com a beleza não só do som, mas também das ideias da nossa convidada. Uma das formas mais interessantes de conhecer outras culturas é através de seus hábitos sonoros. Quando seduzidos pelo que há de belo nos sons de culturas alheias fazemos automaticamente um exercício de respeito e empatia. Para que isso aconteça nós contamos com o trabalho de profissionais de música, mais precisamente aqueles que dedicam a sua atenção às questões da etnomusicologia.             Vivemos os paradigmas das questões climáticas. Voltar os olhos para as culturas que dividem essa terra conosco sem machucá-la é questão de sobrevivência. Observar seus processos de aprendizagem, alimentação, dança, música, brincadeiras e cultura nos colocará no caminho de um modo de viver menos nocivo ao planeta. Para tanto, é necessário que disfrutemos da boa convivência com os povos originários. Não os índios, já que não são só um povo, mas os povos indígenas em sua imensa pluralidade e totalidade.             Atualmente o Brasil conta com cerca de 160 línguas e dialetos indígenas. Os povos que habitavam essas terras antes da chegada dos portugueses somavam cerca de três milhões de habitantes, hoje contamos com apenas 818 mil indígenas. Perdemos não são só sons, todavia culturas inteiras, outras maneiras de viver e se relacionar com o meio. Empobrecemos na busca pela suposta riqueza.             Daisy Fragoso é doutoranda pela USP (Universidade de São Paulo), com linha de estudo em etnomusicologia. Educadora musical desenvolve junto a aldeia Tenondé Porã em São Paulo trabalho de pesquisa, aprendendo sobre as músicas e brincadeiras dessa etnia indígena.  Atualmente é professora substituta no curso de licenciatura em música da UNESP (Universidade do Estado de São Paulo) e hoje dividirá conosco um pouco da sua experiência, trazendo diversidade e riqueza à Beleza do Som.