Adyr Francisco

A Beleza do Som

11-09-2021 • 1 hora 35 min

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Edição e entrevista:

Ivanildo Jesus

Design:

Kas Hoshi e Victor R. Rodrigues

“Se nós não somos iguais, porque faríamos música igual?” – Adyr Franciso

Os projetos sociais abrem as portas da musicalidade àqueles que de outro modo não teriam essa condição. O simples ato de colocar um instrumento na mão de uma criança, de maneira gratuita, pode resultar em um universo incontável de possibilidades. Imagine um jovem que morava em um bairro de trabalhadores em Volta Redonda, se radicar como violista em Bordeaux, na França? Com investimentos sistemáticos em educação, façanhas como essa e outras ainda maiores são possíveis. No 15º episódio desse podcast, recebemos o violista Iberê Carvalho. Falamos da viola, sobre sons, notas e identidade. Vimos que a viola exerce na orquestra e na música de câmara um papel diplomático; possibilitando que outros possam ter o brilho de sua voz intensificado.

O processo de democratização do acesso à música de concerto é obviamente benéfico, todavia conta também com aspectos criticáveis. Ao colocar instrumentos de cordas friccionadas nas mãos das crianças levamos aos ouvidos e ao coração dos pequenos, toda uma concepção de mundo alheio ao seu ambiente doméstico. Os instrumentos de cordas friccionadas encontram seu apogeu no Europa, onde sua tradição remonta há cerca de quatro séculos. Ao ensinar música antiga, às vezes ensinamos de forma antiga e equivocada. Na tentativa de educar colonizamos gostos.

Crítica feita, vamos aos benefícios. Propiciar esse acesso e garantir que jovens propaguem sua voz através desses instrumentos, é um exercício contínuo de democratização. Alguns desses jovens descobrem nas aulas de música a paixão de toda uma vida. Estudam, estudam e estudam. Não se satisfazem com a primeira orquestra, com a segunda e nem com a terceira... Com uma sede insaciável de formação e informação, eles se atiram sem temer às possibilidades. Nesse processo levam a musicalidade brasileira para além do país de extensão continental. Saem do Brasil, sem deixá-lo. Chegando inclusive a fazer recitais inteiros no exterior só com músicas de sua terra natal.

Atribuem a Tom Jobim a frase “Viver no exterior é bom, mas é uma merda. Viver no Brasil é uma merda, mas é bom.” Para entender como se vive no exterior propagando a beleza da sonoridade brasileira, hoje conversaremos com Adyr Francisco. Como muitos, iniciou sua trajetória no violino e depois, tendo ouvido que a viola era mais fácil, resolveu mudar de um instrumento. Na viola encontrou sua voz. Oriundo de um projeto social no interior do Rio de Janeiro, Adyr, pelas palavras de seu professor Gabriel Marin é notadamente “um dos grandes talentos brasileiros da próxima geração de violistas.”