Irineu Franco Perpétuo

A Beleza do Som

26-09-2021 • 59 min

Para mais conteúdo:

https://linktr.ee/abelezadosom

Ajude-nos (pix):

abelezadosom@outlook.com

Edição e entrevista:

Ivanildo Jesus

Design:

Kas Hoshi e Victor R. Rodrigues




Irineu F. Perpetuo

Nabokov diz que na sua família há dois tipos de pessoas, quem gosta e quem não gosta de Tchekhov, e geralmente quem não gosta, boa gente não é. No microcosmo da música clássica brasileira, há dois tipos pessoas, quem conhece e quem não conhece Irineu Franco Perpetuo, e geralmente quem não conhece, como diria João Gilberto, bom sujeito não é.

A mise-en-scène da música clássica é presa a simbolismos ritualísticos que funcionam como uma barreira invisível, no intuito de afugentar o apreciador. Uma dessas barreiras é expressa através da sua cronologia. Como diz o provérbio bíblico: há um tempo determinado para todas as coisas. E no caso da música erudita, há, rigorosamente, um tempo para aplaudir, tossir, entrar e sair e do palco, e, no que toca aos pormenores na vida além palco; há o tempo de noticiar o concerto, o do concerto, e o tempo da crítica do concerto. Nesse ínterim surge a figura do jornalista musical. Responsável por traduzir a efervescência de acontecimentos musicais, não só ao público leigo, contudo também aos próprios músicos.

Esses virtuoses das letras, tem a caneta e a língua sempre afinadas. Trocam as horas do labor instrumental pelo ofício da leitura e da escrita. No caso do convidado de hoje é autor de “Uma História Concisa da Música Clássica Brasileira” e “Como Ler os Russos”, isso para ficar em títulos mais recentes. O crítico já integrou as fileiras do jornal “Folha de São Paulo”, “Estadão”, e é voz comum dos concertos, e da revista Concerto. Sempre explicando o universo da música clássica, com curiosidades pessoais dos compositores preciosíssimas. Na voz de Irineu, gênios como Beethoven, Dostoiévski e Brahms, ganha contornos humanos. Ouvi-lo é ter a experiência da democratização do acesso à música sinfônica, partilhada de forma oral e sem formalismos pedantes.

Nos seus cursos é como se o BBB, não Bach- Beethoven-Brahms, mas o programa televisivo, fosse ocupado pelas personagens da música erudita e da literatura russa. O jovem que aos catorze anos se interessa por títulos como Irmãos Karamazov além de crítico e jornalista musical, é também tradutor do russo. Por suas letras lemos os títulos PEQUENAS TRAGÉDIAS e BORIS GODUNOV, de Aleksandr Púchkin; MEMÓRIDAS DE UM CAÇADOR, de Ivan Turguêniev; A MORTE DE IVAN ILITCH, de Liev Tolstói; MEMÓRIAS DO SUBSOLO, de Fiódor Dostoiévski;  VIDA E DESTINO e A ESTRADA, de Vassíli Grossman.

Hoje, para falar um pouco, sem amarras instrumentais e sonoras, e podendo explorar com propriedade todo o universo semântico, retórico e filosófico da Beleza do Som, recebemos Irineu Franco Perpétuo.