Marcelo Vilarta

A Beleza do Som

14-11-2021 • 32 min

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Edição e entrevista:

Ivanildo Jesus

Design:

Kas Hoshi e Victor R. Ribeiro

Marcelo Vilarta



A ritualística da música sinfônica, é presa a formalismos simbólicos. Quando ouvimos ou assistimos música “clássica”, estamos sentados, na frente da uma orquestra com seus músicos em absoluta concentração. Lembro que em concertos didáticos a maestrina Cláudia Feres ao ensinar ao público a importância do silêncio dizia que quando dávamos uma folha com um dos lados já usado para uma criança desenhar, ela a virava, em busca da parte mais limpa para sua arte. Assim nasce a necessidade do silencio na apreciação da música de concerto. O que ali será feito é de tamanha sutileza, de modo que o menor ruido rabiscaria a folha branca, onde a orquestra espera desenhar sua música.

Acompanhado desse silencio sepulcral há as palmas e a entrada dos músicos no palco, seguidos do spalla, afinação e depois o maestro. Na hora da afinação o spalla, logo após receber suas palmas, dá as costas à plateia e vira-se para um instrumento das madeiras; um instrumento de paleta dupla conhecido como oboé. Ouve-se então o famoso lá, na frequência exata de 442hz, a depender da precisão do oboísta. O spalla conduz a afinação por famílias: metais, madeiras e depois cordas, divididas em graves e agudas. O que se vê na verdade é um ritual. Com o aparato tecnológico contemporâneo, cada músico pode, e deve, afinar seu instrumento antes do concerto ou ensaio. Nessa hora o que vemos é somente a verificação da afinação.

Se nos concertos há um silêncio absoluto que precede a entrada do maestro, e a afinação, nos ensaios – fora raras exceções – o que vemos é completamente diferente. O spalla se levanta na hora do ensaio e começa uma verdadeira batalha pela atenção dos músicos. Como no mundo erudito tudo segue um suposto refinamento cívico. O spalla espera que só o ato de ficar em pé fará os músicos ficarem em silêncio. Ledo engano. Entre os colegas inicia-se uma guerra interna de “xius”, olhares cortantes e caras e bocas acusatórias, pedindo aos mais sonoros que calem. Claro, querido ouvinte, você pode achar que as minhas palavras são inverdades. Te convido a fazer uma experiência, vá ao concerto de qualquer orquestra, da mais iniciante até a mais experiente, e depois vá ao ensaio. Tire as suas conclusões. Pedir aos músicos com instrumentos nas mãos silêncio, é – acredito –, e sempre será, a coisa mais antinatural do mundo.

Deixando a balburdia orquestral de lado, hoje descobriremos a Beleza do Som do oboé. Um instrumento caro, cujo acesso nos últimos anos tem sido democratizado pelos seus entusiastas. Marcelo Vilarta iniciou seus estudos aos 12 anos na Banda Municipal do Quiririm em Taubaté, aos 16 encantou-se pela Beleza do Som do Oboé, foi aluno da Escola Municipal de Artes Maestro Fêgo Camargo, da EMESP (Escola Municipal de Música de São Paulo), e integrou como bolsista à Banda Sinfônica de Taubaté, à Orquestra Sinfônica Jovem de Taubaté e à Orquestra Experimental de Repertório. Hoje faz parte da Orquestra Sinfônica do Paraná e conversa conosco, falando sobre a Beleza do Som do Oboé.