Renegado

A Beleza do Som

10-10-2021 • 43 min

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Edição e entrevista:

Ivanildo Jesus

Design:

Kas Hoshi e Victor R. Rodrigues

Renegado

Até aqui a Beleza do Som se preocupou em te apresentar a música instrumental. Conhecendo a trajetória de alguns intérpretes; aos poucos nossa conversa pelo vasto mundo da música vai ganhando forma, e sobretudo, conteúdo. Falar de música sem predicados é difícil. Exige do interlocutor um ouvido, como diria Murray Schafer, pensante e sempre aberto.  O conteúdo da música instrumental é por vezes hermético. A análise desse discurso harmônico é sofisticada e complexa, uma atividade que parece sair da arte para encontrar morada na física. Todavia, é hora de deixar a música instrumental de lado e conhecer a oralidade de gênero vocal. E aqui, a análise harmônica, instrumental e técnica dá lugar ao monopólio do texto.

Uma musicalidade que é sobretudo oralidade. Um cantar, que enquanto fazer musical, é prática oral de luta, denúncia, revolta e liberdade. Esse é o rap, mas podia ser o samba, o reggae ou o funk, que como diz a letra: “É som de preto, de favelado, mas quando toca, ninguém fica parado”. Arte de natureza rítmica; é herança africana de riqueza exuberante. É retórica combativa, inflamável e instigante. É arte negra, e portanto, sua manifestação é por vezes marginalizada. Encontrar na música uma forma de se entender, e entender as engrenagens do mundo que o cerca, a fim de lidar com a própria rebeldia e se apropriar de discursos e causas de militância, é prática comum dos artistas forjados nessa arte.

Agora a negritude tem voz, vez e ritmo. No Brasil somos 52% da nação. Somos maioria, não minoria como alguns querem convencer. Se ladram que as minorias precisam se curvar as maiorias, quando a hora da revolução chegar, é melhor que você tenha ciência de onde quer estar. Porque como diz o nosso convidado “na hora do perigo, quando a casa cai /Us guerreiro fica, us comédia sai” Hoje, acercando-nos de bons guerreiros a Beleza do Som tem o prazer de receber Flávio de Abreu Lourenço. Que de Abreu Lourenço não é, o nome que pode carregar contornos racistas cai, e rebatizado ele renasce Renegado.

Filho de D. Regina, irmão de Marco Antônio e Daniele. Nascido e criado na Zona Leste de BH, mais especificamente na comunidade do Vera Cruz, onde milita desde os treze anos, tendo fundado a ONG “Arebeldia” e o grupo NUC (Negros da Unidade Consciente), Renegado fez de sua tribo o mundo, e do mundo sua nação. Saindo do Vera Cruz para se apresentar em shows em Nova York, Cuba, Europa e Oceania e América do Sul. Artivista premiado, e portador de uma oralidade musical em processo constante de sofisticação. Acaba de lançar há pouco o Single Black Power, com ninguém menos que a rainha da negritude Elza Soares, que é também sua madrinha musical.

Renegado hoje conversa conosco, falando dos seus trabalhos musicais, de sua trajetória, parcerias, inquietações políticas e ativismo.