Nicola Krassik

A Beleza do Som

17-10-2021 • 56 min

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Edição e entrevista:

Ivanildo Jesus

Design:

Kas Hoshi e Victor R. Rodrigues

Nicolas Krassik



O ano é 2001. Festival Chorando. Arcos da Lapa. Madrugada. Festa no Bar Semente, onde músicos do calibre de Hamilton de Holanda, passam para dar uma canja. No recinto, um pessoal já alegre. Nesse momento o Rio de Janeiro, ainda é lar da musicalidade e reúne as peças-chaves da confusão que dá origem à beleza dos nossos sons. Nessa fatídica madrugada, um jovem músico com seu violino de guerra, também já alegre, faz da noite carioca seu laboratório musical. No bar toca dois ou três choros que sabe, e aproveita para beber direto da fonte da sonoridade latina. Para integrar à festa, lá pelas três da manhã, chega Yamandu Custa com seu violão, e agora sim a noite está prestes a começar, o jovem violinista, impressionado com a canja que virou show de Yamandu, resolve se juntar com seu violino. Pronto. A cena do violino popular brasileiro nunca mais seria a mesma.

O violinista amante dos ritmos brasileiros, é um francês que encontra nessas terras a alegria da brasilidade. Antes de vir para cá de mala e cuia, na França disseram que aqui ele só acompanharia cantores. Nada mais acertado, Nicola já acompanhou Gilberto Gil, João Bosco, Marisa Monte e Beth Carvalho, e esses são só alguns nomes da música vocal, na música instrumental poderíamos passar o episódio todo falando das suas contribuições que não terminaríamos há tempo. Quando Ricardo Herz, outro nome de peso no ramo, estava indo estudar na França, Nicolas Krassik estava iniciando sua carreira no Brasil.

Oriundo de uma família de músicos, Nicolas iniciou os estudos no violino por volta dos cinco anos e meio. Aos dezenove terminou seus estudos de música tradicional no conservatório local. Querendo aprender improvisação para tocar rock, indicaram-lhe o jazz como uma porta de entrada. Uma dica peculiar que rendeu ao violinista o caminho das pedras para a sua identidade musical. Em uma noite na França convidado por alguns amigos para conhecer um bar que tocava ritmos brasileiros, encontrou ali a vocação de toda uma vida. Apaixonou-se pela beleza dos sons do Brasil.

O filósofo Mangabeira Unger, brasileiro radicado no Estados Unidos, diz que apesar de falar com sotaque o português, ele não pensa com sotaque. O convidado de hoje tem o mérito de não só falar sem sotaque, como não pensar com sotaque. Ouvindo-o falar temos a impressão de conversar com um nativo. Não só o sotaque como as ideias de Nicolas, revelam um apreciador nato da cultura brasileira. Ouvi-lo tocar é encontrar um Brasil pulsante, alegre, esperançoso e apaixonado. Um Brasil diferente do que vemos hoje, onde a Beleza do Som é asfixiada por sucessivos cortes à cultura.

Para entender um pouco mais do Brasil que apaixona e fascina estrangeiros, fazendo das terras tropicais sua morada, a Beleza do Som recebe Nicolas Krassik.