Peças Raras - 24h em sintonia com você

Peças Raras

O podcast Peças Raras foi criado em 2006 pelo professor e radialista Marcelo Abud. Áudios que contam a história do rádio e entrevistas com comunicadores são a base dos episódios. Aqui, vamos publicar alguns conteúdos que valem ser lembrados. Siga na sintonia! read less
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#311 Dia do Podcast e Pois É, Poesia
Há uma semana
#311 Dia do Podcast e Pois É, Poesia
Antes que setembro se vá, aqui está mais uma de nossas edições especiais. Afinal, esse é o mês de muita celebração para quem é do universo da comunicação. Entre as datas nacionais, temos o Dia da TV, em 18 de setembro; o antigo Dia do Radialista, que ainda é lembrado por muita gente em 21 de setembro; e 25 de setembro é o Dia do Rádio, em homenagem a data de nascimento de Edgar Roquette Pinto (em 1884), considerado o Pai do Rádio no Brasil. Mas antes do mês terminar tem ainda o Dia Internacional do Podcast, em 30 de setembro. A data foi criada nos Estados Unidos em 2014, por iniciativa de Steve Lee, um dos pioneiros do gênero. No Brasil, o primeiro podcast foi o Digital Minds, lançado em 2004, e o dia 21 de outubro é o dia nacional do podcast. E eu aproveito tanto motivo para comemorar e anuncio mais um podcast no qual estou envolvido. É o Pois É, Poesia: Arte no Plural. Você pode acompanhar o podcast Pois É, Poesia pelo canal do Youtube ou no Spotify. Mas eu sugiro ainda que faça a experiência de nos seguir pelo Youtube Music. No Youtube Music, tem todos os episódios, incluindo as transmissões ao vivo, que acontecem uma vez por mês. Detalhe: os podcasts, como o nosso Pois é, Poesia, que fazem transmissões ao vivo pelo Youtube também podem ser assistidos ou escutados na hora em que estão no ar pelo Youtube Music. E mais um ponto positivo: você pode fechar a tela do vídeo e continuar a escutar o episódio. Experimente acompanhar o Pois É, Poesia: Arte no Plural pelo Youtube Music e depois me conta como foi sua experiência. Para você não ter dúvida e começar a seguir o podcast do Pois É, Poesia: Arte no Plural, aqui você fica com um aperitivo do episódio que celebra o Dia Internacional do Podcast neste 30 de setembro e traz João Marcello Bôscoli e Pasquale Cipro Neto. O Professor Pasquale, que está diariamente na Rádio CBN, às 16h, com o quadro “A Nossa Língua de Todo Dia” opina sobre os motivos para haver tantos letristas de qualidade no Brasil. “Magia”, ele conclui no bate-papo com o apresentador Reynaldo Bessa. Pasquale comenta ainda porque a música feita no País é considerada por ele “poesia musical brasileira” e é provocado por Bessa para revelar qual a composição que considera mais poética em nossa MPB. Qual será, hein? Já João participa com um vídeo gravado exclusivamente para o Pois É e responde como uma música veste a letra de uma canção. Aliás, este depoimento de João Marcello Bôscoli é o que eu trago como peça rara nesta edição do nosso #HOJEPOD. Acompanhe o que ele tem a dizer sobre se existe ou não poesia em um arranjo musical?
#301 80 anos de Chico Buarque: conheça Julinho de Adelaide
19-06-2024
#301 80 anos de Chico Buarque: conheça Julinho de Adelaide
Em setembro de 1974, o jornal Última Hora de Samuel Wainer apresentou uma entrevista exclusiva com Julinho da Adelaide. Conduzida por Mário Prata e Melchiades Cunha Jr., a conversa foi gravada e hoje é um dos mais interessantes registros daqueles anos de chumbo. Para você entender um pouco melhor do que estamos falando, acompanhe o depoimento do jornalista e escritor Mário Prata publicado em 1998 no site oficial de Chico Buarque:   “Eu me lembro até da cara do Samuel Wainer quando eu disse que estava pensando em entrevistar o Julinho da Adelaide para o jornal dele. Ia ser um furo. Julinho da Adelaide, até então, não havia dado nenhuma entrevista. Poucas pessoas tinham acesso a ele. Nenhuma foto. Pouco se sabia de Adelaide. Setembro de 74. - Ele topa? - Quem, o Julinho? - Não, o Chico.O Chico já havia topado e marcado para aquela noite na casa dos pais dele, na rua Buri. Demorou muitos uísques e alguns tapas para começar. Quando eu achava que estava tudo pronto o Chico disse que ia dar uma deitadinha. Subiu. Voltou uma hora depois.Lá em cima, na cama de solteiro que tinha sido dele, criou o que restava do personagem. Quando desceu, não era mais o Chico. Era o Julinho. A mãe dele não era mais a dona Maria Amélia que balançava o gelo no copo de uísque. Adelaide era mais de balançar os quadris. Julinho, ao contrário do Chico, não era tímido. Mas, como o criador, a criatura também bebia e fumava. Falava pelos cotovelos. Era metido a entender de tudo. Falou até de meningite nessa sua única entrevista a um jornalista brasileiro. Sim, diz a lenda que Julinho, depois, já no ostracismo, teria dado um depoimento ao brasilianista de Berkely, Matthew Shirts. Mas nunca ninguém teve acesso a esse material. Há também boatos que a Rádio Club de Uchôa, interior de São Paulo, teria uma gravação inédita. Adelaide, pouco antes de morrer, ainda criando palavras cruzadas para o Jornal do Brasil, afirmava que o único depoimento gravado do filho havia sido este, em setembro de 1974, na rua Buri, para o jornal Última Hora. Como sempre, a casa estava cheia. De livros, de idéias, de amigos. Além do professor Sérgio Buarque de Hollanda e dona Maria Amélia, me lembro da Cristina (irmã do Julinho, digo, Chico) e do Homerinho, da Miucha e do capitão Melchiades, então no Jornal da Tarde. Tinha mais irmãos (do Chico). Tenho quase certeza que o Álvaro e o Sergito (meu companheiro de faculdade de Economia) também estavam.Quem já ouviu a fita percebeu que o nível etílico foi subindo pergunta a resposta. O pai Sérgio, compenetrado e cordial, andava em volta da mesa folheando uma enorme enciclopédia. De repente, ele a coloca na minha frente, aberta. Era em alemão e tinha a foto de uma negra. Para não interromper a gravação, foi lacônico, apontando com o dedo:- Adelaide.Essa foto, de uma desconhecida africana, depois de alguns dias, estaria estampada na Última Hora com a legenda: arquivo SBH. Julinho não se deixaria fotografar. Tinha uma enorme e deselegante cicatriz muito mal explicada no rosto. Naquelas duas horas e pouco que durou a entrevista e o porre, Chico inventava, a cada pergunta, na hora, facetas, passado e presente do Julinho. As informações jorravam. Foi ali que surgiu o irmão dele, o Leonel (nome do meu irmão), foi ali que descobrimos que a Adelaide tinha dado até para o Niemeyer, foi ali que descobrimos que o Julinho estava puto com o Chico:- O Chico Buarque quer aparecer às minhas custas.Para mim, o que ficou, depois de quase 25 anos, foi o privilégio de ver o Chico em um total e super empolgado momento de criação. Até então, o Julinho era apenas um pseudônimo pra driblar a censura. Ali, naquela sala, criou vida. Baixou o santo mesmo. Não tínhamos nem trinta anos, a idade confessa, na época, do Julinho.Hoje, se vivo fosse, Julinho teria 55 anos (em 1998, quando o texto foi escrito). Infelizmente morreu. Vítima da ditadura que o criou.
#299 Maria Homem e o que é ser mãe (ou não querer ser) na modernidade
09-05-2024
#299 Maria Homem e o que é ser mãe (ou não querer ser) na modernidade
Maria Homem é mãe de um menino que atualmente está com 14 anos. Mesmo após a maternidade, a psicanalista continuou atuando como pesquisadora, professora, escritora e palestrante. De acordo com ela, a mulher do século 21 vive entre o desejo de liberdade de suas próprias escolhas e a expectativa de uma sociedade que ainda vê seu corpo como feito essencialmente para criar um outro ser. “Então a gente tem ou Eva pecadora, fonte da tentação, ou todas as santas, as mártires, Madre Teresa, aquelas que vão ser o protótipo da abnegação, do sofrimento, da alta dedicação aos filhos, à família, ao seu homem. É toda uma narrativa de sacrifício. Se ela, por acaso, não obedece a esse paradigma, ela é então culpada de ter prazer, culpada de gozar, de usufruir”, analisa. A psicanalista refuta uma ideia oriunda da cultura machista e de crenças da sociedade de que a mulher deve deixar sua feminilidade e projetos de lado, ao se tornar mãe.  “Eu quero poder pensar, falar, cantar, andar, fazer sexo, passear, ler, escrever, pintar e bordar. Então eu não posso viver com o ser grudado no meu peito e no meu colo - nem um, nem dois, nem três - o tempo inteiro. Por mais que a mim, pessoalmente, me dê muito prazer também a relação com os outros, mas também dizer, ‘ó, agora está bom’. Isso é um conflito diário, isso é uma batalha contínua”. Direito de escolha Maria Homem também avalia os avanços na sociedade atual. Apesar de ainda haver uma forte resistência à ideia da liberdade das mulheres sobre seus próprios corpos, ela aponta que hoje já há mais naturalidade para lidar com questões que podem envolver a frustração de ser mãe ou de movimentos daquelas que não desejam ser mães. “Eu não tenho dúvida de que essa é uma das grandes quebras muito recentes que a gente está vivendo. Isso é uma virada, sobretudo século 20/21, a ousadia de você dizer, por exemplo, ‘não estou feliz, isso é um saco, isso é fonte de angústia, tive depressão pós-parto’. É um tabu dizer isso, mas acho que já foi mais do que hoje. Tanto que a gente tem um movimento que tem nomes interessantes, né? Childless, Child free, ‘livres de criança’ ou ‘sem criança’”.
#296 Na Geral: 1º de abril e Zidane no Corinthians
30-03-2024
#296 Na Geral: 1º de abril e Zidane no Corinthians
Em 1951, o time do São Paulo parte para sua primeira excursão à Europa. Depois da estreia em 29 de março, a Rádio Record, que fazia a cobertura dos jogos por lá, anuncia uma partida que não estava programada. O tricolor paulista, de última hora, havia acertado um amistoso com o Milan. A partida aconteceria no San Siro. De acordo com o jornalista Alberto Helena Júnior, no blog de A Gazeta Esportiva, Geraldo José de Almeida, tricolor fanático, fica com a missão de irradiar o jogo. O resultado... Uma catástrofe: Milan 4 a 0! A torcida são-paulina no Brasil ouve tudo sem acreditar na tragédia que havia acabado de acontecer. Na mesma crônica escrita por Alberto Helena Jr., ele lembra que “Em seguida à transmissão da Rádio Record, vem o alívio - combinado com a indignação. Tudo não passa de uma pegadinha: era Primeiro de Abril de 1951, o tradicional Dia da Mentira”. Tudo isso que estou comentando até agora é apenas para valorizar uma das principais qualidades do rádio e do podcast, a de criar imaginação. E para mostrar que isso não é coisa de um tempo tão distante, vou compartilhar com você um momento que demonstrou mais uma vez a força do rádio e que aconteceu há exatos 15 anos.  Graças a um dos muitos ouvintes do programa Na Geral, Cássio Reis, que é fanático pela atração e grava todas as edições, e com a colaboração do Beto Hora, que solicitou esta gravação ao Cássio, você vai ouvir nesta edição uma verdadeira peça rara. O dia em que Zidane teria sido contratado para jogar no Corinthians. Eu aproveito para ressaltar, caso ainda não saiba, que o Na Geral, programa que foi imaginado há cerca de 25 anos e começou sua trajetória de sucesso na extinta Brasil 2000, está de volta. Desta vez pela Rádio 365. O programa pode ser acompanhado diariamente, entre 6 da tarde e 8 da noite, com reprise nas manhãs, também entre 6 e 8 horas. A qualidade de som dessa radioweb, a 365, é incrível e o programa está com menos interrupção do que nas rádios anteriores. Vale muito sintonizar! O que pode ser feito, por exemplo, pelo aplicativo da Rádio 365: https://radio365.com.br/aplicativos/