Em sua obra de 1914, Freud retoma o aforismo de Busch sobre o poeta com dor de dente para falar do recolhimento do interesse libidinal dos objetos de amor por parte do adoecido. Nas palavras de Busch: “A alma inteira encontra-se recolhida na estreita cavidade do molar". Nessa frase, vemos o deslocamento da libido enquanto um importante fenômeno para a discussão de nosso tema. Nos dias atuais, a utilização do termo narcisismo, em referência ao mito de Narciso, se faz presente nas mais diversas formas de conhecimento e de manifestação artística. Nesse sentido, tal palavra tende a não ser estranha mesmo àqueles que não possuem aproximação com a psicanálise e, de modo corriqueiro, denomina-se de narcisista alguém inconveniente, desagradável, que tende a falar muito de si e a vangloriar-se, sobremaneira, de seus feitos. Em psicanálise, narcisismo é um termo de uso relativamente comum em distintas abordagens. No entanto, embora na teoria psicanalítica o conceito seja compreendido como pilar da constituição subjetiva, conforme Miguelez (2007), há uma forte tendência ao achatamento e à sua banalização, reduzindo-o a sinônimo de egoísmo. Além de polissêmica, a noção de narcisismo é apontada por Miguelez (2007) como uma das mais complexas da psicanálise. Ademais, tendo em vista circunstâncias que envolvem o momento em que foi inserida na obra freudiana, os seus diferentes usos e nuances, interpretações, fenômenos abarcados e articulações a outros termos, o autor sugere o uso da expressão narcisismos, ao invés de narcisismo. Caso queira saber mais, acesse nossa página do instagram @dra.moniquenascimento.