Ainda que se propague a ideia de que a anorexia é fruto da cultura contemporânea, ela já se fazia presente na antiguidade clássica. Em Freud vemos relatos de casos de sintomas alimentares na obra de 1905. Em Lacan também vemos discussões sobre esse tema e podemos interpretar que crianças, adolescentes e adultos anoréxicos sofrem de um aprisionamento à demanda do Outro e recusam-se a descobrir o que pode significar o ato de comer. Assim, no não querer pensar o que significa o ato de comer há uma condução do sujeito para o que Lacan define como "comer nada". A ação que enuncia "eu como nada", evidenciaria a atribuição ao Outro de um desejo de saber e que é acompanhado por um "Eu estou fora dessa". A anoréxica “come o nada” e se oferece, pela via da identificação, a ser, ela própria, o vazio.