A relação entre mídia, profissionais de saúde e indústria tabagista é antiga. Quando os males do cigarro ainda eram desconhecidos, na década de 1930, médicos e dentistas estampavam anúncios publicitários de inúmeras marcas, dentre elas Lucky Strike, Viceroy e Cammels.
O discurso na época era que o cigarro oferecia o alívio de sintomas de ansiedade e depressão e o produto ainda era associado com conceitos de liberdade e sofisticação.
Um anúncio da Cammels, de 1949, trazia os dizeres “médicos fumam mais Cammels do que qualquer outra marca de cigarro”.
Com o passar dos anos, os discursos da indústria tabagista foram desconstruídos, pois se tornaram evidentes os muitos malefícios do cigarro, como ser o principal fator de risco para mais de uma dezena de tipos de câncer e estar fortemente associado com a ocorrência de doenças cardiovasculares.
Foram impostas restrições para a publicidade do cigarro em veículos de comunicação e organização de eventos com associação direta às marcas de cigarro, como os extintos “Free Jazz Festival”, “Hollywood Rock” e “Carlton Dance”.
Com isso, as gigantes corporações do fumo como Philips Morris e Souza Cruz viram-se obrigadas a reinventar seus discursos.
A indústria apostou na bravura dos homens que fumavam. Os comerciais com caubóis, da marca Marlboro, são exemplos emblemáticos.
Também falaram em cigarros com menor teor de nicotina, os chamados light, para atrair principalmente o público feminino, que lutava para ser livre, inclusive para fumar.
Com eficazes políticas antitabagistas e repercussão na mídia, a população passou a se conscientizar sobre os reais males do tabagismo.
Dentre as medidas, imagens impactantes nos maços de cigarros, alta taxação do produto, proibição do fumo em lugares públicos fechados, dentre outras medidas, sobre as quais os nossos convidados abordam:
Mário César Carvalho, jornalista e escritor. Dentre suas obras, o livro “O Cigarro”, lançado pela série Folha Explica, da Folha de S.Paulo, veículo no qual trabalhou como repórter especial e editor do caderno Ilustrada. Atualmente, Mário César escreve para o Poder360.
Mônica Andreis, diretora-executiva da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), psicóloga, com mestrado em psicologia clínica pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em psicologia hospitalar.
A apresentação é do jornalista Moura Leite Netto, doutor em ciências e diretor da SENSU Consultoria de Comunicação.
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