#55 Brigamos na frente dos filhos

Diário de Paulo Pimont

07-01-2021 • 3 min

Transcrição: Então, nós brigamos na frente dos filhos. Dias atrás, ah, eu e a minha esposa tivemos uma briga e meus filhos não necessariamente presenciaram o o assunto que a gente tava falando, porque eles tavam numa outra, num outro lugar, mas eles viram que a gente tava brigando, que a gente tava discutindo feio e logo depois disso ah eu saí com o Theo pra gente ir no mercado aí ele me perguntou, né? Ele me perguntou, "pô, cês tavam brigando?" E aí, eu disse, "sim, filho, nós estávamos brigando, eu e a sua mãe, nós somos pessoas bem diferentes e a gente não concorda e muitas coisas tem coisas que tem muitas coisas que nós não não concordamos que temos opiniões a respeito." "Ah, mas vocês não deviam brigar desse jeito", daí eu disse, "bom, tu e a tua irmã, vocês não brigam direto também?" Ele, "é, mas a gente é criança." É, é verdade. É verdade. As vezes, de verdade são as crianças entre nós, não é? Eu acho que isso ficou bem claro que quando a gente briga pelo menos daquele jeito que a gente brigou, eh a criança, apegada a coisas que não quer mudar ou a criança dentro de nós que espera que o outro diferente, que supra as suas expectativas. Esse é o nosso lado infantil, é verdade. E quando isso acontece na frente das crianças ou perto das crianças, eles tão condenados agora, nossos filhos? Não, muito pelo contrário, nossos filhos eles tão condenados a repetir a nossas questões quando a gente não trata das nossas questões, quando a gente não se permite realmente olhar, olhar praquilo que tá por trás das nossas questões, das nossas dificuldades, sermos abertos, inclusive eles. Eu não preciso abrir com meus filhos um motivo na nossa briga e da nossa discussão. O que é que a gente não tem? E é muito interessante porque o Theo não perguntou qual era o assunto da nossa briga. Ele queria saber porque que a gente estava brigando a gente precisava brigar daquele jeito que a gente tava brigando, ele não queria saber do assunto, as crianças são muito saudáveis, não são? Eles nunca precisam saber porque a gente tá brigando, mas eles precisam saber que existe um jeito discutir, existem brigas, existem dificuldades, existem diferenças e que a gente tá trabalhando, a gente tá trabalhando pra se acertar e que as brigas as vezes são necessárias, são necessárias, uma boa briga esclarece as coisas, como diz o meu autor favorito, Robert Bly, hein? Uma boa briga, esclarece as coisas.