Neste episódio, vamos ao coração da luta da Coletiva em Apoio às Mães Órfãs, um movimento que nasceu em Belo Horizonte movido pela pergunta “De quem é esse bebê?” para combater o abrigamento compulsório de mães e bebês. Desde 2017, essa rede nacionalmente reconhecida de mulheres — profissionais da saúde, assistência social, advogadas, defensoras públicas e ativistas — trabalha para proteger os direitos reprodutivos de mulheres em situações de vulnerabilidade e os direitos das crianças que compõem suas famílias. Elas organizam campanhas, denúncias e audiências em diversas esferas, expondo violações e defendendo um cuidado digno e humano.
Quem nos apresenta a Coletiva são as integrantes Clara Viana Lage Meirelles, advogada, e Márcia Parizzi, médica pediatra. Suas falas revelam o impacto devastador de Recomendações que incentivaram hospitais a “notificar” a Vara de Infância quanto a situação de vulnerabilidade de algumas mães, especialmente negras e pobres. Na prática, elas levaram à separações compulsórias, removendo bebês de suas famílias, privando-os do direito à amamentação e vínculo, muitas vezes sem justificativas factíveis. Ao invés de promover acolhimento, tais práticas intensificavam um ciclo cruel de violência institucional.
Esse episódio expõe o trauma de mães que enfrentam o afastamento de seus bebês e questiona uma lógica que criminaliza mulheres em vez de oferecer apoio, revelando como a Coletiva se tornou um símbolo de resistência e esperança. Ouça e se inspire com as histórias de quem luta para transformar o sistema e garantir que mães e bebês sejam protegidos e acolhidos.
Mais informações:
Transcrição completa do episódio
Música Tema: Mulher no Mundo, de Maria Tavares
Vídeo de referência:
Vídeo oficial da Campanha “De quem é esse bebê?”, maio 14, 2017.
Textos de referência:
ALVES, A. O. (2020). “Quem tem direito a querer ter/ser mãe?”: dinâmicas entre gestão, instâncias estatais e ação política em Belo Horizonte (MG). Dissertação Mestrado em Antropologia Social, Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, São Paulo.
ALVES, A.O. (2017). Entre Direitos, Violações e resistências: mulheres com trajetória de rua na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. Trabalho de conclusão de curso pela faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
ALVES, A.O., & RUI, T. (2022). Gestionar y administrar la vulnerabilidad de las mujeres en situación de calle: vínculos entre género, trayectoria de calle, drogas y maternidades. Encuentros Latinoamericanos (segunda época), 6(1), 118–136.
SARMENTO, Caroline Silveira. “Por que não podemos ser mães?” : tecnologias de governo, maternidade e mulheres com trajetória de rua. Dissertação em Antropologia Social, PPGAS/UFRGS. 2020.
Créditos de produção:
Apresentação e roteiro: Ariana Oliveira Alves e Giorgia Carolina do Nascimento
Edição de roteiro: Irene do Planalto Chemin e Mariana Pitasse
Edição de áudio, sonoplastia e finalização: Irene do Planalto Chemin
Música Tema: Mulher no Mundo, de Maria Tavares
Estúdio de gravação: Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp
Coordenação do podcast Maternidades Ameaçadas: Lucía Eilbaum, Irene do Planalto Chemin e Mariana Pitasse
Identidade visual: Alice Ohashy
Comunicação e divulgação: Mariana Pitasse e Samara Costa
Financiamento: Edital Pró-Humanidades do CNPq