Fernando Prati é um amigo de infância de Antônio Viviani. Moravam na montanhosa Poços de Caldas e na Rua Rio Grande do Norte, na época ainda de terra, brincavam quase que diariamente, como verdadeiros irmãos de infância.
O texto do episódio de hoje, escrito por ele, reflete praticamente tudo o que viveram, assim como outros bons amigos que com eles conviveram e vivenciaram os bons momentos das décadas de 1960 e 1970. É praticamente o que todos eles sentem ao recordarem suas infância e juventude vividas nas montanhas do Sul de Minas Gerais.
Fernando escreveu e convidamos você a ouvir e sentir…
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As montanhas da minha infância
Uma coisa que eu gosto de fazer é ficar sentado no banco da praça, olhando para aquelas montanhas que rodeiam a minha infância.
Tem mágica neste olhar. Algumas nuvens tomam a forma da minha imaginação e mostram meus heróis, potentes aviões, cavalos alados,
tudo que um dia foi sonhado em tempos de fértil adolescência sem compromisso.
Ah! montanhas que tantas vezes subi até o ponto mais alto; hoje, lá de cima,
vejo os caminhos que andei, os bailes que dancei as escolas que estudei, os amores que não namorei.
Este encontro dentro de mim como festa em discoteca faz ter a certeza de que vivendo e sonhando se pode chegar onde cheguei.
Que a busca é constante e o encontro nem sempre é o desejado, mas se bem olhado é tudo e muito mais que precisei.
Nunca me senti o gauche que o anjo falou para Drummond, e também nem me chamo Raimundo.
Sou como sempre fui, lá do interior das Gerais, do interior de mim mesmo, sou de casa, vou chegando seguindo o cheiro do café e o calor do pão de queijo.
Vou sentando querendo um dedo de prosa e dando gargalhadas com as histórias que vivi.
E elas continuam lá, as montanhas que rodeiam a minha infância.
Fernando Antonio de Mello Prati
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