Mirante

Observatório Psicanalítico

Este é o MIRANTE, um podcast para ouvir psicanalistas e pensadores de outros campos debatendo temas relevantes no nosso cotidiano contemporâneo. O MIRANTE é do Observatório Psicanalítico e pertence à Federação Brasileira de Psicanálise (Febrapsi). Venha conosco nessa viagem de olhar o mundo a partir do mirante da psicanálise! read less
Sociedade e culturaSociedade e cultura

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Sonhos na contemporaneidade: entre a neurociência e a psicanálise
17-03-2024
Sonhos na contemporaneidade: entre a neurociência e a psicanálise
Na aurora do século XX, Freud publica “A interpretação dos sonhos”, livro que também representa a entrada da psicanálise na cultura moderna, um marcador da ruptura com o século XIX, constituindo um novo futuro sobre a compreensão da vida mental humana. O significado dos sonhos sempre intrigou a humanidade, ao passo que foi descredenciado ou combatido em determinadas épocas e culturas. Freud criticou a posição médica vigente de seus contemporâneos, evidenciando a rigidez científica que impossibilitava alcançar o significado psicológico de um sonho. E constatou, com assombro, “que a visão dos sonhos que mais se aproximava da verdade era a não médica, mas a popular.”   Freud concluiu que o sonho é uma realização de desejo.   Um sonho nos leva a um espaço tão íntimo que conduz à seara do inconfessável, algo muitas vezes contraditório diante da imagem que a pessoa tem de si.     No entanto, culturas que preservam interpretações milenares podem ter uma visão diferente dos sonhos e sua relação com os desejos.   Diante disso, nos questionamos: atualmente, como vivenciamos os sonhos? Quais as funções do sono e dos sonhos? Diante dos avisos de culturas ancestrais acerca da “Queda do céu” é urgente reaprendermos a sonhar?  Os sonhos continuam a ser nossos oráculos, a nossa via régia?   Para conversar conosco sobre os sonhos na contemporaneidade convidamos o neurocientista Sidarta Ribeiro e o psicanalista Pedro Coli.
O leite, a comida e a sexualidade
11-08-2023
O leite, a comida e a sexualidade
Estamos acostumados a pensar que o bebê humano, diferentemente dos filhotes de outras espécies, é completamente dependente do outro.   Freud, já em 1885, no “Projeto para uma psicologia científica, entendia que quando as necessidades corporais exigem satisfação, o bebê com fome grita e esperneia. No entanto, esses movimentos não o saciam. É a ação de cuidado do outro que o assiste, e portanto, que permitirá que a experiência de satisfação aconteça, pondo fim às estimulações internas que provém das necessidades.   O seio da mãe é oferecido não apenas com o intuito de nutrição, mas de apaziguamento das tensões, minimizando as sensações de desconforto que o ego incipiente do bebê não pode ainda sustentar. Neste sentido, para a psicanálise, a relação com o seio é ampla e complexa.   Nos “Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905), Freud assinala que a pessoa que se ocupa dos primeiros cuidados do bebê - "que geralmente é a mãe - dedica-lhe sentimentos que se originam de sua própria vida sexual: acaricia, beija e embala a criança, claramente a toma como substituto de um objeto sexual completo".   É a partir dessa experiência com o corpo do outro, que a pulsão sexual é despertada no bebê, deixando marcas e criando possibilidades desejantes. Dessas marcas, principalmente a partir da retirada do seio e de alguma separação em relação à mãe, observaremos os mais diferentes destinos pulsionais que se expressam na vida humana. Seriam os filhotes de outras espécies realmente menos desamparados que os nossos? E ainda, como psicanalistas, que aspectos da nossa sexualidade estariam postos nesta relação política que travamos com as fêmeas de outras espécies? Para nos ajudar a pensar sobre o sexual na Polis convidamos a artista Cecília Cavalieri e a psicanalista Luciana Saddi.